MUSICOTERAPIA SOCIAL: DOS COLETIVOS NOS
TERRITÓRIOS LOCAIS AO
COLETIVO LATINOAMERICANO.
MUSICOTERAPIA
SOCIAL: DE LOS COLECTIVOS EN
TERRITORIOS LOCALES AL COLECTIVO LATINOAMERICANO.
TERRITORIOS LOCALES AL COLECTIVO LATINOAMERICANO.
SOCIAL
MUSIC THERAPY: FROM THE LOCAL TERRITORIES COLLECTIVES TO THE LATIN AMERICAN
COLLECTIVE.
NASCIMENTO, Sandra Rocha do; PELLIZZARI, Patricia Claudia; LINDENBERG, André Pereira.
Resumo
A presente reflexão traz
um diálogo de percepções sobre um mesmo acontecimento vivenciado - o XVIII Forum
Paulista de Musicoterapia, promovido pela APEMESP (Associação de Estudantes
e Profissionais de Musicoterapia do Estado de São Paulo) que desde 2012, realiza um trabalho de
regulamentação e atuação frente ao SUAS (Sistema Único de Assistência Social) e encontros com parceiros e
coletivos da MT Social, o que culminou com esse evento
realizado em abril de 2018 - que despertou diferentes e semelhantes reflexões e
vozes, sucitadas na escuta das diversas experiências apresentadas. Tendo o
evento uma perspectiva de troca de fazeres e saberes, aqui co-construimos um
diálogo entre tres musicoterapeutas
comunitários com o objetivo de dar concretude as palavras silenciosas e dialogos emergidos em
espaços-tempos de jantares, corredores, translados, etc. Nestes diálogos colaborativos,
o artigo que aqui apresentamos, co-criado por profissionais de diferentes territórios latinoamericanos
- brasileiro goiano, argentino e brasileiro paulistano -, traz uma ‘estética
comunitária’ sui generis: um movimento de resistência frente ao silenciamento de vozes de
comunidades, e uma convocAÇÃO, da APEMESP, consolidando uma perspectiva de
pertencimento a Musicoterapia Social e Comunitária Latinoamericana. Uma
co-construção colaborativa e permanente de Indicios de un Porvenir na
Musicoterapia Social Latinoamericana, iniciado pela Profa Dra Patricia
Pellizzari em 2015 e mantida nos diversos territórios em que o musicoterapeuta
comunitário se encontra. A ‘convocação’ toma outro sentido, o
de co-construção de espaços-tempos de diálogos generativos
de trocas de saberes, de redes de
ações colaborativas, de alinhamento de conceitos, de fortalecimento de
perspectivas e paradigmas.
Palavras chave: Musicoterapia Social.
Coletivos em Musicoterapia Social Latinoamericana. Co-construção.
Resumen
La presente reflexión trae un diálogo de percepciones sobre un mismo acontecimiento vivido - el
XVIII Foro Paulista de Musicoterapia, promovido por la APEMESP (Asociación de Estudiantes y
Profesionales de Musicoterapia del Estado de São Paulo) que desde 2012, realiza un trabajo de
reglamentación y actuación frente al SUAS (Sistema Único de Asistencia Social) y encuentros con
socios y colectivos de la MT Social, lo que culminó con ese evento realizado en abril de 2018 - que
despertó diferentes y similares reflexiones y voces, sucitadas en la escucha de las experiencias
presentadas. Teniendo el evento una perspectiva de intercambio de acciones y saberes, aquí
co-construimos un diálogo entre tres musicoterapeutas comunitarios con el objetivo de dar visibilidad
a las palabras silenciosas y dialogos surgidos en espacios-tiempos de cenas, pasillos, traslados, etc.
De estos diálogos colaborativos surge el artículo que aquí presentamos, (co-creado por profesionales
de diferentes territorios latinoamericanos - Brasileño Goiano, Argentino Bs As y Brasileño Paulistano-),
artículo que traza una 'estética comunitaria' sui generis: un movimiento de resistencia frente al
silenciamiento de voces de las comunidades, y una convocatoria- acción, de la APEMESP, consolidando
la pertenencia a la Musicoterapia Social y Comunitaria Latinoamericana. Una co-construcción
colaborativa y permanente de Indicios de un Porvenir en la Musicoterapia Social Latinoamericana,
iniciado por la Profa Dra Patricia Pellizzari en 2015 y mantenida en los diversos territorios en que la
musicoterapia comunitaria se encuentra. La "convocatoria" toma otro sentido, el de co-construcción de
espacios-tiempos de diálogos generativos de intercambios de saberes, de redes de acciones
colaborativas, de alineamiento de conceptos, de fortalecimiento de perspectivas y paradigmas.
Palabras clave: Musicoterapia Social. Colectivos en Musicoterapia
Social Latinoamericana.
Co-construcción.
Abstract
The present reflection brings a dialogue of perceptions
about the event experienced - the XVIII Paulista Forum of Music Therapy,
sponsored by APEMESP (Association of Students and Professionals of Music
Therapy in the State of São Paulo), which since 2012 has been working on
regulation and acting in front to SUAS (Single System of Social Assistance) and
meetings with partners and the MT Social collectives, which culminated with this event held in April 2018 - which awaken different and similar reflections and voices, raised in
listening to the various experiences presented. With the event a perspective of
exchange of ideas and know-how, here we co-construct a dialogue between three
community music therapists with the objective of giving concreteness to the silent
words and dialogues emerged in space-times of dinners, corridors, transfers,
etc. In these collaborative dialogues, the article presented here,
co-created by professionals from different Latin American territories - Two Brazilians from the state of Goiás and São Paulo and an Argentine - brings a 'community aesthetic' sui generis: a movement of
resistance against the silencing of community voices, and a summoning from APEMESP, consolidating a perspective of belonging to Latin
American Social and Community Music Therapy. A collaborative and permanent
co-construction of "Indicios de un Porvenir" in Latin American Social Music Therapy, started by Prof. Dra.
Patricia Pellizzari in 2015 and maintained in the various territories in which
the community music therapist is. The 'convocation' takes on another meaning,
the co-construction of spaces-times of generative dialogues of exchanges of
networks , of knowledge, collaborative actions, aligning of concepts, strengthening, perspectives and paradigms.
Keywords: Social
Music Therapy. Collective in Latin American Social Music Therapy.
Co-construction.
Sou Sandra Rocha, musicoterapeuta comunitária, docente universitária brasileira, declaradamente extensionista,
coordenadora do LABORINTER/EMAC/UFG[1]. Ao participar de um convite da
APEMESP[2] (gestão 2016-2018), em abril de
2018, para falar sobre semelhanças e diferenças da musicoterapia social,
algumas percepções emergiram
trazendo o desejo de explorar dialogicamente essas ‘palavras silenciosas’. Nos
termos do Construcionismo Social, dar vozes aos nossos pensamentos e nossas percepções
internas suscitadas a partir das narrativas expressas por outrem e construídas
na relação dialógica (ANDERSON, 2017).
Como brasileira, vivendo um momento em que a representação política do meu país desvela uma derrocada na
confiabilidade de seus integrantes, agrega-se a este movimento de retrocesso, outros tantos tais como o
desaparecimento de propostas sociais construídas e consolidadas em anos
ulteriores, com o decréscimo e mesmo extinção de fomentos para projetos
comunitários, que
tiveram resultados significativos de efetividade ao empoderamento de populações que antes se
mantinham a margem complementares, tais
como a oferta de terapias para comunidades carentes, formação de profissionais
da saúde em abordagens integrativas e condições financeiras para apoio a
projetos extecionistas e bolsistas, entre outras. No contexto acadêmico
vivenciamos cortes significativos em várias direções, que impedem a ampliação
de avanços e a sustentação de ações também consolidadas com resultados
significativos no ensino, na pesquisa e na extensão. Não se finda nos aspectos expostos o ‘retrocesso’ que vivenciamos no âmbito das ações sociais e de
saúde coletiva. Muito mais há para discorrer, mas torna-se muito extenso expôr aqui os diversos movimentos contrários ao empoderamento de
atitudes e reflexões sobre saúde coletiva e educação popular em saúde pelos
atores das comunidades.
No entanto, o panorama atual brasileiro, com suas múltiplas facetas,
encontra-se tangenciado por um silenciamento de vozes sobre as desigualdades advindas
destes “cortes”, presente
na maioria da população brasileira. Mas um silenciamento que vem após uma
manifestação em massa da população frente a fatores políticos sérios que obteve
como resultado a destituição de seu representante máximo: a
Presidente do País.
Sustentando-me
na perspectiva inicial (2005) da musicoterapia preventiva psicosocial,
posta por Patricia Pellizzari, na qual experiências criativas possibilitam aos
sujeitos restituir-lhes suas vozes
como “palabra libertadora”(PELLIZZARI, 2011, p. 42), inquieta-me a
presença deste silenciamento de vozes
na maioria de um povo. Nestes não-ditos,
desvela-se fatores de vulnerabilidade que não são somente presentes em
individuos isolados ou em grupos
circunscritos, mas dizem de uma coletividade nacional que se encontra vivenciando
atitudes intensa vulnerabilidade psicosocioemocional e cultural, manifestadas
em atitudes de conflitos extremos nas diversidades de pensamentos,
intolerâncias físicas e com desqualificações
exageradas quanto a opiniões diferentes, movimentos de isolamento e autoisolamento
quando de convicções opostas, ou seja, atitudes cotidianas que avassalam
sonhos, ações, projetos, parcerias, fragilizando pessoas, comunidades e uma
nação.
“Cuando la
vulnerabilidad o la exclusión avasallan a la persona, sus palabras, su voluntad
y sus sentimientos pierden valor y comienzan a desvincularse. Las personas u
las comunidades van quedando – a fureza de exclusiones y vulnerabilidades –
libradas al sin sentido” (MOISE,1998 apud PELLIZZARI, 2011, p.41-42).
Considerando este
panorama atual brasileiro, o convite da
APEMESP se apresenta como uma ação de resistência diante deste cenário
de retrocesso. A característica mais evidente desta resistência encontra-se nas
atitudes de chamar/convocar, aproximar pares próximos e distantes e fazerem-se ser escutados os musicoterapeutas que insistem em
continuar olhando para o social e o comunitário como lugares de atuação,
construção de conhecimento e formação de novos profissionais. Não se trata de
uma chamada para um evento com a intenção de expor sobre suas ações desenvolvidas.
Trata-se de uma “convocação”
no sentido que a expressão denota[3], mas, também, um convocar para além deste sentido já dado: um
‘chamar para estar-com a partir de uma vocação sui generis’, ou seja, fazer parte de um grupo de profissionais que olham
para o social e para as comunidades como Seres desejantes de saúde, e assim realizam ações ou atuações especificas de
musicoterapia social com vistas a empoderar aqueles ao alcance de transformações colaborativas em seus contextos de
vivência.
Assim, a ‘convocação’
toma outro sentido, o de co-construção de espaços-tempos de diálogos generativos de trocas de saberes, de redes de ações
colaborativas, de alinhamento de conceitos, de fortalecimento de perspectivas e
paradigmas.
Para Anderson (2017, p.25), “a essência da relação colaborativa inclui a
forma pela qual o outro possa se juntar a nós em um compromisso mútuo e uma
ação conjunta”. A autora ainda sustenta que
quando as pessoas têm um
espaço metafórico e quando estão engajadas em um processo polifônico para relações
colaborativas e conversações dialógicas, elas começam a “falar com” e a ouvir a
si mesmas, umas às outras e aos outros de novas formas. Por meio dessas
conversações, novidades desenvolvem-se e podem se expressar em uma
variedade infinita de formas, tais como maior agenciamento próprio e liberdade
na construção de identidades (idem).
Emerge um Reconhecimento uns dos outros, como se, ao nos escutarmos,
pudéssemos nos ver mutuamente nas ações e características expressas por nós e
por cada um, levando-nos a sensação de pertencer a um grupo que compreende o
mundo e o lugar da música, em especifico da musicoterapia, sob uma perspectiva
diferenciada, escutando e dando voz as pessoas da comunidade com as quais
trabalhamos e muitas vezes (con)vivemos. Como movimento de resistência....ReEXISTIMOS!
Soy Patricia Pellizzari, musicoterapeuta,
directora de ICMus Argentina[4], invitada al Forun de Musicoterapia Social
2018 en Sao Paulo. Feliz por el encuentro de culturas y experiencias entre
colegas, que señalan caminos posibles y construyen
nuestros destinos como comunidad musicoterapéutica latinoamericana. El Forun 2018
fue profundo en reflexiones y texturas. Tejió punto a punto trazos entre
actores comprometidos con una práctica de lo cotidiano.
Luego de conocernos, diferenciarnos, describirnos como musicoterapeutas
sociales, advertimos resonancias y convergencias en las preocupaciones, sueños, estrategias y desafíos.
Una de las
primeras temáticas que deseo compartir se centra en la proximidad existente
entre la musicoterapia social y la política.
Preguntas
tales como:
El/la Mta
en su función, ¿debe abstenerse de su ideología o compromiso político/ideológico/partidario?
En que podría beneficiar u obstaculizar que el/la Mta tome como propia la lucha
de una comunidad o grupo?
Los/las
Mtas ¿estamos preparado/as o debemos prepararnos / formarnos académicamente mejor para
realizar gestiones institucionales, públicas, políticas?
¿Cómo discernir
los Determinantes apropiados para abordar las problemáticas de la salud
comunitaria/colectiva? La musicoterapia social ¿distingue problemáticas
individuales de problemáticas colectivas?
¿Cuándo, un grupo poblacional está preparado para abordar y elaborar las
problemáticas psicosociales, de convivencia y familia desde una visión social/comunitaria?
La perspectiva social la orientamos los/las Mtas o debería surgir del interés explícito
de los/las participantes?
Si bien
estas preguntas no tuvieron respuesta una a una, fueron transitando a través de
las diferentes ponencias que allí se desplegaron.
Temas tan
trascendentes como el derecho a la vivienda (Colectivo Reconstrusom), como la Violencia doméstica (Colectivo MT), las Visitas domiciliarias a adultxs
mayores (Laborinter/UFG), los Sonidos de las calles (Miriam Steinberg), los Cacerolazos como forma de protesta
social (Paulo
Bitencourt) la inclusión del Mta en
las políticas públicas
(Marianne
Oselame) y la Estética Comunitaria
como forma de política (Patricia
Pellizzari, ICMus) fueron dando contenido y profundidad a la reflexión
sobre este área de acción.
Así fuimos hilvanando obstáculos propios de la musicoterapia
social en Brasil y Argentina:
1. La formación
académica: en Brasil los cursos de formación no contienen asignaturas específicas
de musicoterapia preventiva/comunitaria y social, por tanto tampoco se
desarrollan practicas especificas del área en los Cursos..
2. La
salud pública, caps, suas, hospitales etc. comienzan en Brasil a solicitar
estos cargos y no hay musicoterapeutas suficientemente entrenados en el área.
3. El
financiamiento de proyectos y/o programas de musicoterapia social son contratos
temporarios y con escasa proyección preventiva a largo plazo.
4. Las
formas de financiamiento son extremadamente precarias.
5. Los
gobiernos actuales manifiestan una tendencia a suprimir derechos en educación y
salud, profundizando la vulneración y desprotección de los sectores con menos posibilidades
de progreso autogestivo.
Desde el punto de vista metodológico
y técnico se advirtieron temas preponderantes:
1. La
necesidad de escribir, investigar, publicar experiencias y conceptualizaciones
en torno a los alcances de la musicoterapia social.
2. El necesario
compromiso de contrastar los escritos que surgen entre colegas para
fortalecernos como comunidad reconociendo las producciones existentes.
3. Considerar
la reflexión sobre el pasaje de lo íntimo a lo público que acontece en los
abordajes comunitarios como así también la escucha abierta, flexible y
respetuosa que amerita este tipo de abordaje.
4. Mantener
una actitud de curiosidad sobre las producciones sonoras que los grupos crean,
considerando que ofrecen elementos estéticos y representacionales sobre los
modos de estar, relacionarse y comunicarse entre las personas.
5. Comprender
que las estéticas sonoras grupales son formas de la Microsociología, dado que
en los discursos sonoros se advierten formas de protagonismo, su circulación,
sus direcciones, modalidades concretas de resolver tensiones y generar tolerancias
y consensos colaborativos.
6. La
escucha como posicionamiento básico del/ la Mt. para comprender las necesidades
y potencialidades de las comunidades.
7. La Improvisación
libre, los jingles o canciones de formatos breves, fueron las técnicas
mayormente planteadas como formas de exploración, expresión y construcción de
mensajes.
El mensaje
de la Dra. Sandra Rocha ha circulado entre los participantes constituyendo un
verdadero estímulo para la reflexión: …animarse a
salir del lugar de confort, comprender que es CON las comunidades que debemos
descubrir – construir y orientar las metas.
Coincidiendo
con ella plenamente entiendo que las actividades son los vehículos, las formas de sensibilizaciónón y reflexión que secundan a los procesos de subjetivación social.
Las estéticas sonoras conforman relatos sensibles, afectos y vínculos encarnados en la música, energías en movimiento
que generan sinergias y oportunidades de crear estrategias de salud
comunitaria.
Sou André Pereira Lindenberg, musicoterapeuta comunitário, Presidente
da Associação de Musicoterapia do Estado de São Paulo (2014-2018)/ Brasil,
acredito que os caminhos sociais devem ser construídos e pensados num formato
que inclua sempre o reflexo do coletivo. E buscando uma coerência entre o ideal
e a ação, a APEMESP (Associação de Profissionais e Estudantes de Musicoterapia
do Estado de São Paulo), vislumbrou a necessidade de realizarmos um encontro
que tornasse a proporção reflexiva do pensamento comunitário, indo além do
campo da atuação, mas que chegasse até uma proporção de pensarmos as políticas
públicas, e em nossa maneira impar de percorrer os espaços e os capilares da
sociedade. Em dois dias de evento, aonde expoentes da musicoterapia comunitária
explanaram suas formas de ação, nós debatemos, questionamos, ressignificarmos e
aprimoramos nossas estratégias de pertencimento na Sociedade e em suas
sonoridades significativas. Como coloca Mário de Andrade, pesquisador
referência de cultura popular no Brasil. ”A música é uma arte. E como tal é uma
expressão. Toda expressão sendo peculiar ao homem é para nós, homens, objeto
não só de conhecimento porém passível de compreensão ."(ANDRADE, 1995.
p.45). E é este olhar que buscamos em nossa percepção social e
musicoterapeutica, todas expressões sonoras com signos a serem acolhidos,
analisados e ampliados.
Um dos olhares latentes, que se solidificou na pesquisa; “Indícios de un
porvenir”, é o de construirmos um prisma a nossa Musicoterapia Social na América Latina. Partindo da mirada
constante, do micro ao macro ou do macro ao micro, a diretoria da APEMESP,
convidou a Dra Patricia Pellizarri, Dra
Sandra Rocha, que representavam os territórios além de nossa fronteira da
cidade de São Paulo, proporcionando o Intercâmbio (a maior fonte de enriquecimento
cultural de nossas práticas) com representatividade da Argentina e de Goiás.
Reunimos em São Paulo, algumas de nossas
forças sociais da Musicoterapia, que puderam estar presentes nessas datas, como
a dos Coletivos Reconstrusom e
o Colectivo MT, e os musicoterapeutas Miriam Steinberg e Paulo Bitencourt.
Na cidade de São Paulo, lutamos com afinco á mais de 7 anos para nos
estabelecermos nos âmbitos sociais, decorrente de nossa regulamentação para
atuarmos no SUAS (Sistema único da Assistência Social), dessa forma luto junto
com os companheiros Lilian Engelmann, Kezia Paz e Gildásio Januário num
trabalho frente a representação nos fóruns de trabalhadores da assistência
social. Coloco este ponto de esclarecimento, porque vivemos num momento
político aonde os interesse de alguns implicam, para que a desarticulação entre
as classes de trabalhadores tome uma proporção de desagregação, e realizar um
fórum de musicoterapia comunitária aonde se fortaleça a união da classe, o
crescimento de possibilidades de ideias e estratégias, e que alcance potências
de inserção nas políticas públicas.
Um espaço tempo que instauramos práticas que temos em comum, para que
juntos possamos deslocar essa percepção temporal e espacial. Organizar as
ideias das ações, compartilhar elas entre nós, não é um formato de
aprisionamento ou mesmo de encerramento das práticas, como as vezes alguns se
assuma. É sim, o principio de desenvolvermos uma história de invenção da
musicoterapia social na América Latina. Marcada pela trajetória ferida e não
estancada de processos de opressão colonizadora, e por características sociais
e econômicas peculiares de nosso macro território, não podemos deixar que
modelos musicoterapeuticos existentes sejam a única forma de avaliarmos o que
fazemos. Como cita Eduardo Galeano, “Porque na história dos homens cada ato de
destruição encontra sua resposta, cedo ou tarde num ato de criação” (GALEANO,
2010, p. 372). Criar e inventar e temos que permitir acomodar outros formatos
de indicadores da potência de nossas ações;
-
olhares e registros fotográficos, que são mensurados em suas leituras
pela estética da arte são potentes e ainda não tão explorados por nós;
-
os muros pintados com nomes que nascem de uma ação de musicoterapia
comunitária é um indicador de resistência; assim como uma biblioteca feminista
que itinerá pela comunidade, demonstrando que percorre pelas tramas daquela
sociedade, expondo uma temática necessária, e a comunidade retorna validando ou
não, também resiste.
-
A gravação de sons da rua e suas análises de comportamento, integrando
paisagem sonora e manifestação da estética visual e comportamental da sociedade
que habita, vive e se apropria da rua, também tem sua proporção de parâmetros e
reflexos da população viva daquele tempo-espaço.
Chegamos em um ponto de maturidade de produções musicoterapeuticas
sociais; com muitos grupos de pesquisa surgindo, focando em temáticas de
atuações, construindo e reconstruindo seus formatos de acessos a comunidades. E fica claro, após esses dias
de reflexão de algumas ações de musicoterapia, os fundamentos de análise, os
indicadores para a nossa ampliação de olhar crescente são construídos e
estabelecidos juntos a comunidade. É ela, que na maioria das vezes revela, mas que sempre demonstra aonde está a
relevância e a potência da ação, nós temos que alimentar a busca de olhar com
necessidade para o Invento. Ainda criar, ainda inventar, e por vezes revelar o
que já é um organismo vivo sonoro atuante daquele lugar, que se configurou
também através de música. São camadas de percepção, os musicoterapeutas, a
comunidade atuante, a comunidade distante, e as políticas públicas sendo
acessadas e atravessadas por sons mutantes e transformadores. Citando Paulo
Freire (1992), uma referência na educação mundial, que no clássico livro, pedagogia
do oprimido, coloca em propósito nosso diálogo constante, além das esferas
acadêmicas, mas ao encontro permanente dos capilares da sociedade. Diz ele: “Ninguém
liberta ninguém , ninguém se liberta sozinho: Os homens se libertam em comunhão."
Avante Musicoterapia Social!!
Referências
ANDERSON, Harlene. A postura filosófica: o curacao e a alma da prática
colaborativa. In: Práticas colaborativas e dialógicas em distintos contextos e populaces:
um diálogo entre teoria e práticas. Marilene A. Grandesso (org), 1a
ed., Curitiba, PR: CRV, 2017.
ANDRADE, Mario de. Introdução a estética musical. Editora Hucitec.
São Paulo 1995.
GALEANO, Eduardo H. As veias abertas da América Latina / Eduardo Galeano; Tradução de
Sergio Faraco - Porto Alegre, RS LePM, 2010.
FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido. 60a. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2016.
HOUAISS, Antônio, VILLAR, Mauro de Salles, MELLO FRANCO, Francisco
Manoel de. Minidicionário
Houaiss da língua portuguesa. 3a. ed. rev. e aum. Rio de Janeiro: Objetiva, 2009.
PELLIZZARI, Patricia
C. Crear Salud. Aportes
de la Musicoterapia preventive-comunitaria. Patricia Pellizzari e colaboradores Equipo. Argentina:
ICMus. Patricia Pellizzari Editora. 2011.
[1] Laboratório Interdisciplinar de Educação em Saúde Comunitária, parte do
programa de extensão EMAC -06, do Curso de Musicoterapia da Escola de Música e
Artes Cênicas da Universidade Federal de Goiás/ Goiânia/ Brasil.
[3] Qual seja, ‘chamar para
reunião, evento oficial; reunir, formar’ (HOUAISS, 2009), geralmente por uma
obrigatoriedade.
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