terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

Projeto EDUCAÇÃO E CULTURA DA PAZ: espaços e tempos mediados pela Musicoterapia.

O projeto de extensão enfoca os desafios emergidos cotidianamente na escola, em especifico a violência, que dificulta ou até mesmo inviabiliza os processos de ensino-aprendizagem, proporcionando, muitas vezes, o adoecimento dos docentes.Traçamos como objetivo viabilizar ações musicoterapêuticas, através de modulos vivenciais de capacitação dos educadores, contribuindo para a reflexao sobre a prática pedagógica e as relações educativas. A metodologia centra-se na formação de educadores in loco, na escola, integrando aos conteúdos formativos experiências musicoterapêuticas caracterizadas, principalmente, pela valorização da subjetividade e do sensível dos envolvidos.Os resultados obtidos corroboram dados já apontados em outras ocasiões (FIB-BSB/DF 2007, 2008, 2010),evidenciando ganhos substanciais principalmente no que tange à conscientização da importância de se resgatar o sensível nos atores do contexto escolar proporcionando reflexões sobre a propria prática pedagógica. Neste projeto, observou-se uma ‘mudança do olhar’ do docente, mediada pela abordagem humanista e interativa-vivencial da Musicoterapia, direcionada para uma escuta sensivel e atitude diferenciada junto aos seus alunos e aos fenômenos do contexto escolar. Ampliou a compreensão dos docentes à perspectiva do entendimento do processo educacional como espaço-tempo para além da formação cognitiva, englobando, também, aspectos afetivos e relacionais vivenciados entre todos, contribuindo para a humanização dos espaços escolares.

RESULTADOS ALCANÇADOS COM AS AÇÕES MUSICOTERAPÊUTICAS NA FORMAÇÃO CONTINUADA DE EDUCADORES

O público-alvo, configurado como participantes primários, foram os professores, coordenadores e gestores, e os funcionários administrativos das duas escolas da rede pública do Estado de Goiás, ambas com atendendo o ensino médio e fundamental, contendoa proposta de tempo integral para o fundamental. Cada escola continha, em media, 30 docentes indicados para a formação continuada. Participaram 102 professores das duas escolas, 1 gestor e 6 coordenadores pedagógicos de uma escola, e  16 funcionários administrativos de ambas as escolas. Em ambas as escolas, as intervenções foram realizadas nos dois turnos - matutino e vespertino, sendo que em uma foi proporcionado dois turnos/modulos de formação para o mesmo grupo de educadores.
Ações complementares foram desenvolvidas enfocando a mesma temática e proposta metodológica do projeto, qual seja, violência escolar e cultura da paz, por meio de experiências musicoterapêuticas de intervenção breve. Contamos com a participação de 44 educadores,  entre gestores, coordenadores pedagógicos e professores, dos municípios de Trindade, Aparecida de Goiânia e Região Noroeste de Goiânia, através do Programa Governo Intinerante do Estado de Goiás. Em atendimento ao convite da SEDUC-CE e da Secretaria de Educação do Município de Fortaleza, atuamos na região metropolitana de Fortaleza, através de mini cursos oferecidos a 33 professores da rede pública, por ocasião do CONAE - Regional Fortaleza-CE.
Como participantes secundários, tivemos os 6  musicoterapeutas da Equipe Executora que aplicaram as técnicas trabalhas junto aos participantes. Consideramos que o treinamento inicial e as ações de treinamento pré-intervenção e pós-intervenção ou supervisão, possibilitaram a formação continuada destes profissionais musicoterapeutas para atuarem no campo da educação.
Embora aprovada pela Coordenação do Curso de Musicoterapia da UFG, a participação efetiva de acadêmicos do Curso de Musicoterapia-EMAC/UFG nas funções de observadores e auxiliares não foi possível, devido a não adesão dos mesmos, motivada pelos compromissos já assumidos dentro do Curso de Musicoterapia.
Agregamos ao público alvo os alunos das escolas atendidas, visto que, na mesma data da formação dos educadores, foram desenvolvidas com eles atividades artísticas/musicais, através de oficinas coordenadas por profissionais do Ciranda da Arte. Foram beneficiados pelas oficinas de arte um total de 756 alunos.

Os resultados obtidos PARA A COMUNIDADE/PÚBLICO ALVO:
Com a adequação da execução da ação, num formato de intervenção breve, pontual, em um unico evento em cada escola e grupo beneficiado, verificou-se que os resultados obtidos foram suficientes para o alcance da proposta executada em formato diferenciado.
Verificamos que proporcionamos espaços e tempos, no cotidiano escolar, para a reflexão sobre as temáticas relacionadas a violência escolar e, principalmente, a geração de atitudes intrapessoais à Cultura da Paz.
Abrir espaço-tempo na escola para a discussão de temas de caráter intra e interpessoal ainda é uma dinâmica pouco vislumbrada dentro da escola e junto a seus profissionais. Muito se enfatiza a racionalidade na resolução dos conflitos, delegando ao externo a si mesmo, ao outro, a culpabilização pelas situações de conflito. Gerar espaço-tempo que proporcione a mudança na percepção dos educadores, em qualquer função que exerça, é alcançar um resultado importante para esta comunidade, visto que a falta de tempo e o aligeiramento das ações e intensidade dos conflitos e dificuldades sempre minimiza as possibilidades de reflexão mais aprofundada sobre as circunstâncias vividas.
Como discurssos que corroboram com a percepção de um inicio na geração de espaços-tempos de reflexão, ouvimos de uma educadora: 'em muitos anos de educação, como professora, eu nunca tive um curso voltado para o que tivemos. Todos os professores deveriam ter cursos como o que tivemos'. Junto a funcionários administrativos, ouvimos: 'que bom que lembraram de nós'. E junto aos gestores, escutamos: 'é muito bom poder contar com a Universidade para nos ajudar a pensar em nosso cotidiano, no que fazemos'.
Desta forma, fica evidente, nestes discurssos, que a comunidade escolar possui demandas reprimidas no campo da reflexão, da subjetividade e da sensibilidade intra e interpessoal, tornando-se um campo ainda a ser explorado e ampliado.

Impacto Tecnológico: Geração de novas técnicas musicoterapêuticas direcionadas ao público da educação. Também iniciamos com a geração de novas formas de coleta dos dados para o levantamento inicial sobre as demandas e conhecimento das escolas eleitas às intervenções.
Impacto Social: Verificamos que os grandes impactos gerados centram-se no oferecimento, aos profissionais das escolas (professores, gestores, coordenadores, funcionários administrativos), de cursos breves, dentro do espaço escola, sobre as temáticas que muitas vezes nao sao postas à reflexão mais aprofundada. Pelo desgaste cotidiano da rotina escolar, muitos educadores se privam de aderirem a cursos que nao sejam direcionados às práticas pedagogicas. Desta forma, favorecer um curso de cunho humanistico dentro da escola, proporciona que vários educadores sejam beneficiados.
Agregando-se a isto, favoreceu-se aos alunos, com a parceria do CIRANDA DA ARTE, oficinas de arte nas multiplas linguagens, oportunizando momentos de aprendizagem mais criativa e significativa.
Impacto Ambiental: Se considerarmos o conceito de ECOFORMAÇÃO (PINEAU,1980), compreendendo como formação que nos coloca numa vivencia mais harmoniosa, criativa e co-responsável junto com nossos pares de convivência, afastando-nos do sentimento de desresponsabilização e/ou de culpabilização a outrem, sustentamos que a ação favoreceu impactos positivos no ambiente escolar, na comunidade intra-escolar como um todo. Verificamos esta possibilidade quando oportunizamos nao somente aos professores a capacitação, mas também aos funcionários administrativos, aos coordenadores e aos gestores. Com as oficinas de arte, foi favorecida a movimentação da criatividade ao alunado. Desta forma, atuamos numa perspectiva sistêmica à implementação de reflexões de Cultura da Paz e resoluc'ào criativa de conflitos em todos os atores da comunidade escolar participantes.
                                
COORDENADORA GERAL DO PROJETO: Prof Dra Sandra Rocha do Nascimento (EMAC/UFG)