sexta-feira, 14 de julho de 2023

MUSICOTERAPIA SISTÊMICA E PROMOÇÃO DA SAÚDE: DO COLETIVO AO INDIVIDUAL E DO INDIVIDUAL AO COLETIVO

 RESUMO

Apresentamos o uso de experiências musicais em contextos diferenciados da clínica especializada em musicoterapia, configurando aspectos de uma prática de Musicoterapia Sistêmica. Optamos pela explanação através da 'poética social' (Shotter) do Construcionismo Social, à descrição de duas cenas musicoterapêuticas e posterior reflexões dialógicas e colaborativas. O conceito de 'Imunogênese Cultural' (Ruud, 2010) é central em nossas reflexões dialógicas, associando-se com outros intertextos da Antropologia das emoções, do Construcionismo Social,  Teoria Sistêmica. As cenas das práticas musicoterapêuticas, à luz dos constructos teóricos, favoreceram ampliar a compreensão sobre a promoção da saúde para além do espaço terapêutico, rumo a uma proposta de Musicoterapia Sistêmica.


PALAVRAS-CHAVE: Musicoterapia Sistêmica; Imunogênese Cultural; Teoria Sistêmica; Musicoterapia Itinerante;


ABSTRACT

We present the use of musical experiences in different contexts of the clinic specialized in music therapy, configuring aspects of a practice of Systemic Music Therapy. We opted for the explanation through the 'social poetics' (Shotter) of Social Constructionism, describing two music therapy scenes and subsequent dialogic and collaborative reflections. The concept of 'Cultural Immunogenesis' (Ruud, 2010) is central to our dialogic reflections, associated with other intertexts from the Anthropology of Emotions, Social Constructionism, Systemic Theory. The scenes of music therapy practices, in the light of theoretical constructs, favored broadening the understanding of health promotion beyond the therapeutic space, towards a proposal of Systemic Music Therapy.


KEYWORDS: Systemic Music Therapy; Cultural immunogenesis; Systemic Theory; Itinerant Music Therapy;


Autores: Andressa Toledo Teixeira; Sandra Rocha do Nascimento; Renato Tocantins Sampaio

1. Mestre em Música com pesquisa em educação/música/saúde. Atua desde 2008 como musicoterapeuta (formada pela UFG). Especialista na área de saúde mental e dependência química (criança, adolescente, adulto, idoso – tanto reabilitação quanto prevenção). E-mail: andressatoledo@hotmail.com .
2.Docente do Curso de Musicoterapia/UFG-Brasil, Musicoterapeuta Social Comunitária. email: sandrarocha@ufg.br; srochadonascimento@gmail.com .
3.Orientador. Docente da disciplina Música e Promoção de Saúde, da Universidade Federal de Minas Gerais.



Introdução

Exploramos sobre o uso de experiências musicais em contextos diferenciados da clínica especializada em musicoterapia, configurando aspectos de uma prática de Musicoterapia Sistêmica. Temos como objetivo endossar a prática ecológica apresentada por Bruscia (2000) dentro de uma perspectiva sistêmica, com o propósito de 'dar palavras' para o que vivenciamos nas práticas musicoterapêuticas, por não encontrarmos aproximações com referências que se assemelham com o que fazemos.

Optamos por uma forma diferenciada de explanar nosso tema e apresentar nosso texto. Utilizamos dos princípios da 'poética social' (Shotter, 1993), baseada no Construcionismo Social, à descrição e reflexão sobre duas cenas musicoterapêuticas, que após descritas são refletidas sob a perspectiva dialógica e colaborativa entre as autoras, resgatando a espontaneidade nas conversações, sendo geradas novas compreensões. Na estética do nosso texto inserimos fontes diferentes, elementos extras textuais, evidenciando uma mudança dos manuscritos tradicionais, gerando uma outra percepção sobre a formatação, os conceitos e o posicionamento das e entre as autoras, e quiçá os movimentos ou 'palavras silenciosas' geradas nos leitores. 

O conceito de 'Imunogênese Cultural' (Ruud, 2010) é central em nossas reflexões dialógicas, associando-se com outros intertextos, Promoção da Saúde, Antropologia das emoções, Construcionismo Social, Teoria sistêmica, Constelação Sistêmica Familiar. Não pretendemos aprofundar essas abordagens ou conceitos, mas trazer novas possibilidades de compreensão sobre nossas práticas e provocar diálogos generativos de outras reflexões em quem nos lê.

Consideramos a definição de Promoção da Saúde como norteadora de nossa compreensão ampla sobre saúde: 

Promoção da saúde é o nome dado ao processo de capacitação da comunidade para atuar na melhoria de sua qualidade de vida e saúde, incluindo uma maior participação no controle deste processo. Para atingir um estado de completo bem estar físico, mental e social, os indivíduos e grupos devem saber identificar aspirações, satisfazer necessidades e modificar favoravelmente o meio ambiente. A saúde deve ser vista como um recurso para a vida, e não como objetivo de viver (Carta de Ottawa in Brasil, 2002 apud Oselane, 2013, p.33).


Desta forma, a promoção de saúde está associada inteiramente ao protagonismo dos indivíduos de uma comunidade/bairro/grupo, com vistas a co-gestão e co-participação ativa nas ações e processos de saúde, favorecendo e fortalecendo a autonomia dos sujeitos. 

O desenvolvimento de habilidades e atitudes pessoais favoráveis à saúde em todas as etapas da vida encontra-se entre os campos de ação da promoção da saúde. Para tanto, é imprescindível a divulgação de informações sobre a educação para a saúde, o que deve ocorrer no lar, na escola, no trabalho e em muitos outros espaços coletivos. (Buss, 2000, p.171) 


Sustentando-nos em Even Ruud (2010), professor do Departamento de Musicologia da Universidade de Oslo, musicoterapeuta, ao definir o conceito de música como "imunogênese cultural', aponta como o fazer musical é constituído como uma importante função promotora de saúde relacionada a contextos culturais.  Ou seja, os objetos culturais, materiais ou imateriais, como a música, relacionam-se a contextos de saúde, com influência imunogênica e/ou protetiva nos atores sociais, favorecendo bem-estar, vida saudável e longa, vitalidade, construção de identidades, empoderamento de pessoas e coletividades, espiritualidade. O 'fazer musical saudável' ou "musiching" configura-se como uma 'performance da saúde ou práticas que influenciam a saúde e a qualidade de vida'.

No construcionismo social, a produção de conhecimento não centra-se na definição ou classificação do mundo ou explicar 'o que é', mas sim em quais implicações ou realidades são geradas a partir de nossas descrições, visto serem co-construídas no interior das relações através do uso que fazemos da linguagem, trazendo a tona sempre a reflexão 'que mundo construímos a partir de nossas conversações'. Ou seja, as descrições que temos do mundo geram consequências, constroem mundos. No desenvolvimento de outras narrativas, dos discursos instituídos, encontra-se o potencial de mudança (Guanaes-Lorenzi, et al., 2014)

Para a Antropologia das Emoções, as emoções articulam-se com diversos aspectos da vida em sociedade (política, educação, religião, artes, relações de gênero, esporte e mídia).  Giacomini (2011) em um estudo sobre emoção brega e relações de gênero numa feira, explicita que "o estilo da música que executam quanto da aparência de seus participantes, pelas formas de comportamento e pelos usos do corpo /…/ os frequentadores experimentam e exteriorizam emoções próprias a esse espaço" (p.28), ou seja, "gestos, códigos corporais, manifestações de lealdade e a emoção conspícua, a tecer o conjunto dessas práticas e comportamentos, configuram /…/ um conjunto de regras e modos de sociabilidade/…/ (p.29). Desta forma, a antropologia das emoções busca identificar as realidades sociais construídas ou reforçadas pelos discursos produzidos com base nas emoções.

Para adotarmos um olhar sistêmico, Capra (1999) convida-nos a colocar as coisas dentro de um contexto e buscarmos estabelecer a natureza das relações, e mais, define sistema como um todo integrado, cujas propriedades essenciais surgem das relações entre suas partes, é a compreensão de um fenômeno dentro do contexto de um todo maior. Portanto, a terapia sistêmica tem como foco principal o contexto relacional no qual o indivíduo está inserido (Jenkins & Asen, 1992; Reynolds, 2007; Vidal, 2006), ou seja, além da família outros indivíduos importantes da rede relacional do cliente são incluídos no processo terapêutico por meio de uma investigação sobre os seus comportamentos e as suas percepções, podendo essa participação do familiar ser de modo indireto, direto ou virtual (Sydow, Beher, Schweitzer, & Retzlaff, 2010). Nessa perspectiva sistêmica, considera-se alcançar uma maior efetividade das intervenções quando o foco passa a ser nos sistemas humanos (Schmidt, Schneider, & Crepaldi, 2011).

Ao trazermos a Constelação Sistêmica Familiar, o fazemos por enxergá-la como um braço da terapia sistêmica e, esse método, idealizado por Bert Hellinger (2001), é orientado por três princípios básicos o qual é denominado como “Ordens do Amor”, sendo essas: 1) a necessidade do pertencimento; 2) hierarquia no sistema familiar; e 3) o equilíbrio entre o dar e o receber. Essas leis, ao serem olhadas, compreendidas e vivenciadas, permitem ao cliente voltar para seu lugar e fazer algo de bom com tudo o que foi em seu sistema familiar, assim, ao encontrar a solução, o fluxo do amor é reativado.

A partir desses intertextos, apresentamos nossas cenas ou cenários musicoterapêuticos em busca de novas percepções sobre os mesmos sob a luz destes constructos.


Cenas/Cenários de Musicoterapia Sistêmica

CENA 1


Meu nome é Andressa Toledo Teixeira e, em 2006, já no 5º período da formação em musicoterapia, fiz uma escolha que marcaria o início de um novo olhar a respeito da utilização da música em minha vida, tanto em espaços de cuidado com o outro, clínico e institucional (a musicoterapeuta), como em espaços que desenvolveria meus trabalhos artísticos musicais (a artista). Em um período de 14 anos atuando com a musicoterapia na área de saúde mental (2008-2022), testemunhei a melhora da qualidade de vida de muitos que permitiam-se vivenciar a prática musicoterapêutica, visto que, por meio do sonoro-musico-verbal, encontrávamos caminhos que criava um canal de comunicação que permitia o acesso a dor, mas de uma forma suportável e, fosse no individual ou em grupo, novos sentidos eram dados àquelas emoções até então reprimidas e, em muitas ocasiões, dantes nem mesmo identificadas.

Quando a pandemia chegou, em meados de 2020, ao ver meu contrato profissional vencendo e como estava impossível de atender no consultório, presencialmente, fui atrás para entender o que seria o mercado digital e de que forma poderia adaptar meus atendimentos para o formato online. Para tanto criei um método (você pode conferi-lo clicando aqui), em que chamei de Curso/Imersão e o ofereci em videoaulas gravadas com foco na psicoeducação; exercícios musicoterápicos sistêmicos com o intento de aquecer os alunos (inscritos no curso/imersão) para os encontros onlines que aconteceriam uma vez por semana e num período de três meses; assim como um encontro a cada quinze dias para constelar as relações parentais de cada aluno; e todos esses encontros virtuais ocorreram por meio da plataforma zoom. Vale ressaltar que a metodologia atual sofreu modificações desde a primeira turma. Com o método pronto e o site montado, veio o segundo passo que seria chegar até o público alvo e apresentar o ‘infoproduto’ (termo utilizado no mercado digital), no caso a musicoterapia. Comecei então a experimentar diferentes tipos de linguagem que pudesse comunicar de forma direta e clara com aqueles que poderiam beneficiar-se com o que estava sendo oferecido.

Após o fechamento de cada turma, nos atendimentos grupais em formato virtual, conduzia os alunos a investigarem cada fase de suas vidas, desde a intrauterina até os dias atuais. Nessa condução, muitos depararam-se com situações traumáticas, em especial na relação com os pais e/ou cuidadores, outros perceberam que continuavam repetindo aquilo que repeliam em algum de seus familiares ou chefes de trabalho, assim não conseguiam conquistar aquilo que almejavam como meta de vida. A partir do que era enxergado por cada um, com a força do grupo, o aluno conseguia dar um novo significado para aquilo que era vivenciado, acolhendo e ‘tomando’ sua própria história, assim como, em alguns casos, direcionando novos passos que teriam como foco na vida.  Uma das técnicas musicoterapêuticas que norteou todos os encontros foi a da composição musical, ou seja, além de outras técnicas musicoterapêuticas que foram empregadas em cada encontro, a da composição musical estava embutida, visto que todos os insights e aprendizados de cada um, durante o processo, seriam canalizados para uma canção final, a canção sistêmica de cada aluno (que era opcional).

Uma das etapas do método, que nesse caso seria a última, ultrapassou os limites do grupo fechado e abriu possibilidades para que o aluno compartilhasse a sua canção sistêmica com os familiares e a sociedade em geral, de que forma? Após a finalização da construção da canção disponibilizava-me a colocar minha voz na gravação da mesma, mas como artista e não mais como musicoterapeuta, para então fazermos um Show que chamaríamos de “Grand Finale do Minha História, Minha Música: Integrando o Ser que Sou” que, naquela ocasião, foi realizado em formato online através do Canal do youtube (você pode conferir o 1º Show clicando no link  https://www.youtube.com/watch?v=cFk8EiRtZNk&list=PLn8GrI6RpdE6L9cC0WSdVxssbbjWu_Kc9 ).

O grande detalhe para essa última etapa estava no show e no pós-evento, ou seja, as músicas que seriam partilhadas contavam histórias reais, dores que envolviam familiares, em especial os cuidadores da primeira infância, então a pergunta que ficava no ar era: como o familiar iria lidar com a exposição do olhar da criança ferida sem que isso comprometesse as relações parentais dos envolvidos? Se o ouvinte é um dos coadjuvantes da história cantada, possivelmente isso iria impactar, assim como o foi e pode ser conferido aos 17m30s do último link compartilhado acima. Nesse caso, a partir de um comentário do genitor de uma das alunas, e lido pela musicoterapeuta: “desculpa minha filha… nunca quis lhe ver triste, ‘minha vida’... ”, a aluna cantou um trecho da música que reforçava o olhar ressignificado da adulta, mas direcionando nessa ocasião apenas para o pai, já que foi ele quem fez o comentário, ficando da seguinte forma: “De você eu recebi a vida, e essa vida eu irei honrar, de toda forma eu aprendo está sempre a me ensinar”. Apesar da música já trazer essa solução explicitamente, o pai trouxe foco para o trecho que a filha relata a dor e, naquele momento, procurou desculpar-se de algo que até então ele não tinha consciência do ‘mal’ que houvera feito a filha. Percebam que a música nesse momento comunica para além do setting, visto que, ao ser executada nesse espaço do show, aquele familiar que nem mesmo sabia que a filha vinha fazendo terapia, acabou sendo alcançado e algo pôde ser mobilizado nele também, no que para a aluna ficou a oportunidade de, nesse outro espaço, reforçar o que já havia sido trabalhado durante o Curso/Imersão (A música citada  pode ser conferida na íntegra clicando aqui ttps://open.spotify.com/track/3NPruUYPOJwG9mas75Zaum?si=CO8EmadkRsaYicAIBMxB_w&utm_source=whatsapp ).  

Entretanto, houveram casos em que familiares de alguns alunos, ao ouvirem a canção finalizada, o qual também eram personagens da narrativa, mostraram indiferença ao que recebiam, isso também precisou ser trabalhado no setting com cada um desses alunos que ficaram incomodados com tal postura, ou seja, um trabalho musicoterapêutico sistêmico deve ser pensado nesses trâmites das relações como um todo, pois não basta o aluno/cliente compreender de forma intelectual a postura ideal diante do trauma recordado, mas é sim fundamental que ele consiga elaborar com clareza tudo o que foi, porque senão ele continuará refém do olhar da criança ferida e ficará esperando o entendimento do familiar em relação a sua dor, o que pode, em inúmeras ocasiões, não acontecer.

É por isso que, na canção sistêmica, o foco maior está na solução que o ‘adulto’ de hoje escolherá fazer com tudo o que foi, mas não excluindo o passado, entendendo que o que passou não pode ser mudado, mas que sim, é algo presente e que, ao ser olhado e acolhido um novo aprendizado pode ser retirado, ou seja, é quando aquela dor é ressignificada e algo de bom pode ser feito com ela. Em nenhum momento o foco está em procurar um culpado, mas sim em olhar para as próprias vivências e entender que nem sempre o outro dará conta de atender as necessidades da “minha criança” , não por maldade, mas porque simplesmente o outro não consegue dar o que não tem. Quando o aluno vivencia esse movimento interno, saindo desse lugar de cobrar dos pais e/ou cuidadores o que eles não tinham condições de dar, a canção sistêmica assume seu potencial terapêutico, visto que ela deixa de assumir o lugar de um ‘recado dado’ para o outro e assume um lugar de potencialização da transformação pessoal.

Há aqueles casos em que o aluno não consegue entrar em contato com a dor da criança ferida, e isso também é acolhido, porque o simples fato dele compreender a dinâmica da psiquê, saber que habita nele a sua criança, o seu adolescente, o seu adulto, o seu ‘eu observador’, permite que ele amplie seu olhar a respeito de seu próprio estar no mundo. E nesse caso qual a característica da canção sistêmica? Um recado dado a si mesmo, como pode-se verificar na seguinte canção:

Sonhos existem e são realizáveis

Fecho os olhos e no escuro e vejo a luz

E nela a força para seguir

Minha criança interior se põe a rabiscar

Mãos livres sem limites posso perceber

Entre um rabisco e outro a frase, eu gosto de você

Eu escolho olhar pra onde nunca olhei

Caminhar por onde nunca caminhei

Admirar o que nunca admirei

Eu não sou as suas dores, menina

Sou o que faço com as minhas                                                                                                                      

Maturidade não vem com a idade

Maturidade vem com autorresponsabilidade

Honro você, honro a minha menina

Mantida a nossa integridade

Que nome dou a isso se não liberdade?

Então sigo com a minha pequena e eu

Então sigo com a minha pequena e eu

Essa e outras canções do gênero foram compartilhadas em várias mídias digitais, ou seja, muitas pessoas poderão ter acesso a elas e, caso haja identificação com a história de alguma delas, a pergunta que fica é: a solução que os alunos encontraram, e que foi cantada na música, poderá servir de solução para um ouvinte qualquer? Se sim, poderíamos dizer que aí temos promoção de saúde por meio da imunogênese cultural apresentada por Even Ruud.


CENA 2

Meu nome é Sandra Rocha do Nascimento, especialista em musicoterapia pela Universidade Federal de Goiás, desde 1992. Em 2006 tornei-me docente do curso de bacharelado em musicoterapia na mesma instituição,  desenvolvendo diversos projetos de extensão universitária junto a comunidades da região metropolitana de Goiânia-Goiás/Brasil, com intervenções musicoterapêuticas comunitárias em grupos intergeracionais, numa proposta intersetorial e sistêmica. 

Dentre estes projetos de extensão, destaca-se o Projeto Vida Ativa, constituído prioritariamente de mulheres idosas que, anteriormente, participavam de atividades sociais vinculadas a uma Fundação Social local; desde o início de sua realização (nos anos de 2000), as participantes tinham a experiência de se deslocarem para outros espaços (clubes, feiras de artesanato, excursões) à participação em atividades desportivas, culturais e de artesanato. Com o cadastro do grupo Vida Ativa na UFG (em 2013), as atividades foram vertidas para o processo de autoconhecimento em grupo, autocuidado e criação de rede de apoio entre si à manutenção da saúde mental, com proposta de grupo aberto e intergeracional. Dentre as ações proporcionadas pela musicoterapeuta, tivemos diversos elementos de promoção da saúde: o transporte para deslocamento das participantes e suas narrativas durante o translado, a escuta ativa do musicoterapeuta e monitores estudantes do curso, os settings ou espaços diferentes utilizados, as experiências musicoterapêuticas, os recursos extra musicais ou 'dispositivos técnico expressivos' (Pellizzari, 2011), as técnicas terapêuticas integrativas (PICs), o uso de tecnologias de comunicação e os registros das expressões (veja em instagram @extensvidaativa) e aspectos de interprofissionalidade, interdisciplinaridade e intersetorialidade. Em cada experiência proporcionada, o objetivo central era ampliar os 'níveis de adesão' (Nascimento e Pellizzari, 2015) das participantes, tanto na presença nos encontros,  da participação nas atividades, quanto no aumento quanti e qualitativo em suas expressões subjetivas. Dentre as ações vivenciadas pelo grupo, destacamos neste artigo a itinerância musicoterapêutica e o uso de diferenciados settings.

A primeira ação trata do momento de deslocamento das participantes através dos transportes fornecidos pela UFG. No início da execução do projeto de extensão (2013), se deu com o apoio da Divisão de Transporte da UFG favorecendo o veículo sob agendamento da docente, buscando as idosas em seus domicílios, levando-as ao espaço das atividades e depois devolvendo-as em casa. Posteriormente, devido às restrições orçamentárias do serviço público federal, efetivou-se com o veículo pessoal da coordenadora do projeto-musicoterapeuta (2019), e em 2021 com o uso de uma Kombi, também um veículo pessoal.  Com essas mudanças de veículos, principalmente com a Kombi Sonora (que denominamos o veículo atual, veja em instagram @kombisonora), foi possível configurar a ação que denominamos de 'musicoterapia itinerante'. 

Desde os primeiros translados já trazíamos elementos sonoros (instrumentos musicais, re-criações, improvisações) e interativos (cartazes, balões coloridos)  durante os deslocamentos, bem com uma escuta ativa à percepção de demandas e temas pessoais advindos das participantes, muitas vezes utilizados posteriormente durante os encontros. Nas falas expressas no momento inicial - buscar em seus domicílios - a presença de queixas sobre processos de adoecimento e tratamentos, muitas vezes, é uma constante. Com a mudança do veículo, a partir do uso da Kombi Sonora trazendo elementos característicos do universo das participantes (tapetes de crochê, cortinas, almofadas, flores, canções do repertório da terceira idade), percebemos uma maior adesão quali e quantitativa das participantes, verificadas através de maior expressão sobre si mesmas. Com o deslocamento alinhado com o tempo-movimentos das idosas (devagar, com esperas, paradas) emergiram, paulatinamente, atitudes de acolhimento entre si e maior verbalização espontânea dos temas pessoais. Com a presença de experiências musicais durante o translado, o uso de instrumentos sonoros para cada participante e agregando as canções conhecidas, percebemos maior envolvimento das idosas, levando-nos a compreender esse momento como uma etapa de acolhimento e aquecimento das mesmas.

O setting ou settings estabelecidos para o desenvolvimento dos encontros grupais do Vida Ativa diferenciavam-se ao longo do tempo: nos anos iniciais eram efetivados em uma chácara residencial da coordenadora do projeto (2013 a 2017); posteriormente dentro de uma sala destinada a grupos na UBS local (2018 a 2019); no período da pandemia utilizando de TICs (teleatendimentos) e o uso do grupo do WhatsApp (2020 e 2021); em 2022 resgatamos os encontros presenciais nas residências das idosas (que aconteciam esporadicamente durante todo o desenvolvimento do grupo Vida Ativa). Cada setting terapêutico era constituído de elementos diferenciados, com seus objetos, cores, aromas, sonoridades ou paisagens sonoras, dinâmicas relacionais únicas, fazendo emergir movimentos interrelacionais e expressões singulares em cada e de cada contexto. 

Observamos diferenças nas expressões das participantes e em seus níveis de adesão.  Em ambientes mais conhecidos (como nos domicílios das amigas e na chácara da coordenadora) as expressões e adesão às atividades criativas e experiências musicais e terapêuticas diferenciadas eram bem maiores, espontâneas, criativas, extrovertidas, sem a presença de resistências. Em ambientes homogêneos (como na sala da UBS), as expressões subjetivas eram mais restritas e com a presença de atitudes introspectivas, com reivindicação por demandas de atividades culturais e cotidianas, como fazer artesanatos, consultas médicas, prescrição de medicações, falas sobre adoecimentos. Durante o período da pandemia Covid 19, a adesão das participantes se modificou, pois várias não tinham condições de suporte tecnológico ou capacidade digital  necessários aos encontros virtuais, diminuindo a quantidade das idosas que já se conheciam, mas ampliando a adesão a outras pessoas de localidades distintas. Neste contexto, flexibilizar tornou-se a habilidade a ser desenvolvida em cada encontro, quer nas participantes quanto na equipe executora e mesmo nos recursos utilizados.

Nossa percepção sobre essas diferenças de expressões associadas aos diferentes contextos/settings, fez-nos compreender que à promoção da saúde é importante considerar os ambientes, tornando-os cada vez mais saudáveis, principalmente com a participação ativa dos indivíduos da comunidade/grupo nestas mudanças. 

Destas duas cenas da Musicoterapia Itinerante - a Kombi Sonora e os espaços/settings diferenciados -  observamos que a presença de elementos culturais semelhantes ou próximos do universo das participantes amplia os níveis de adesão intra e interrelacionais nas atividades de promoção de saúde, aumentando suas expressões subjetivas, verbalização e manifestação de sensações de bem estar, e favorecendo atitudes de mudanças em seus contextos familiares e de relações afetivas, ou seja, convidando suas amigas, vizinhas e familiares para participarem do grupo Vida Ativa.  Outro indicador de resultado desta proposta fica evidenciada nas narrativas presentes ou movimentos dentro do grupo de WhatsApp do Vida Ativa, saindo de postagens não autorais para expressões autorais, seja em áudio ou em textos. No caminho 'de volta pra casa', dentro do veículo, as narrativas expressam mais possibilidades de novas escolhas, alegria nas entonações das falas, risadas, temas diferentes. Expressam aberturas ao novo (veja o vídeo https://drive.google.com/drive/folders/1IhLCtwWaWETmpaixZbxW8izgZN6Yd3Tc?usp=sharing ou acesse https://www.instagram.com/reel/CgE4CafjBWY/?igshid=YmMyMTA2M2Y=).

Nos encontros do grupo e no decorrer destes ao longo do tempo, verificamos grandes mudanças nas narrativas e nas posturas das participantes, tornando-se mais empoderadas, favorecendo a co-gestão e co-criação do próprio grupo ao proporem e executarem atividades que consideram saudáveis. A Musicoterapia Itinerante não se configurou apenas por transitar em diferentes espaços/settings, mas por proporcionar um fazer musical e cultural que movimenta pessoas 'de dentro - pra fora - por cá - por lá - em todo lugar'. Expressões itinerantes construindo novos itinerários, jeitos de caminhar, se expressar, narrar, viver e ser saudável e promover saúde.



Diálogos Colaborativos


Andressa fala com Sandra


À medida que lia a Cena 2 sentia-me transportada para os espaços relatados, como se já fosse parte daquela realidade, tamanho os detalhes da descrição. E fiquei imaginando o quão aquelas idosas sentiam-se cuidadas pelo simples fato de serem buscadas em seus lares e transportadas para um outro ambiente terapêutico, a promoção da saúde já começava por aí, o que me lembrou Sampaio (2007), quando reforça que saúde é um resultado da ação, ou seja, uma pessoa ‘está sendo saudável’ quando se mantém em um fluxo de ajustamentos ao mundo e vai atualizando suas potências, fazendo escolhas conscientes de forma que minimize possíveis sofrimento e, aquelas jovens senhoras permitiam-se vivenciar esse ‘novo’, encontrando naquele espaço construído formas de expressar suas angústias e dores acerca do estar na vida.

 Interessante é que com as limitações financeiras do serviço público federal, a musicoterapeuta e coordenadora do projeto fez ‘do limão uma limonada’, porque utilizando de um transporte próprio, a Kombi, enxergou nesse espaço uma riqueza para explorar como setting musicoterapêutico itinerante e, ali, desenvolvia a primeira parte de seu atendimento com aquele grupo, a partir de uma escuta qualificada à expressão sonoro-verbal de cada participante, acolhendo os temas que surgiam e, posteriormente, trabalhados em um outro espaço terapêutico (poderíamos dizer que seria a segunda parte do atendimento?), e isso só é possível quando há uma sensibilidade por parte do musicoterapeuta que, já compreendeu que o fazer saúde não restringe-se a um espaço limitado, mas sim nas trocas e aprendizado desse outro que só são possíveis a partir desse relacionar, do compreender o universo desse outro, e quanto mais a musicoterapeuta Sandra Rocha criava um espaço que ressoava com a história trazida pelas idosas, mais saúde elas produziam, podemos dizer que todo esse movimento cuidadoso foi fortalecendo nelas um sentimento de pertencimento, o que me faz lembrar Bert Hellinger (2001), quando nos diz que ‘pertencer é mais importante do que sobreviver’ e, nesse espaço de trocas de experiências e de escuta qualificada, esse pertencer reflete uma forma saudável do viver.

 

Sandra fala com Andressa


       Ao ler a Cena 1, e a riqueza da construção metodológica do processo desenvolvido, minha memória trouxe as falas de vários musicoterapeutas precursores que sustentam encontrarmos em nossas práticas clínicas pérolas de novos conhecimentos. O relato da Andressa evidência como um olhar atento a atuação e as demandas dos clientes e contextos, proporciona possibilidades de expansão nas técnicas, áreas de prática e seus níveis, como bem apresentou Bruscia (2000) em sua obra de grande referência.

        Os desdobramentos das ações junto aos clientes fica evidente o quanto os resultados de uma prática musicoterapêutica vão para além da dimensão intrarelacional do cliente, expandindo para os sujeitos pertencentes aos seus contextos de vivência e mesmo para além destes. O uso das redes sociais ao compartilhamento das produções geradas oportunizam não somente a divulgação do trabalho, mas traz empoderamento do sujeito ao encontrar validação de suas expressões subjetivas mesmo em forma de canção. Estas, as canções divulgadas, encontram eco ou ressonância em outras subjetividades, sendo possível de fazerem emergir desejos de autoconhecimento em indivíduos ainda presos ou 'emaranhados'  em seus sofrimentos psíquicos e sistêmicos. 


Considerações in continuum - Andressa e Sandra falam sobre……


Optar pela estética textual diferenciada na construção de nosso texto a partir da 'poética social', ou uma descrição sobre o real que se apoia nas relações, abre espaço para compreendermos que se mudarmos nossas descrições-formas-de-dizer- expressar, podemos mudar nossos mundos.

Quando Even Ruud, no livro Caminhos da Musicoterapia (1990), fala da música como esse fenômeno cultural e do musicoterapeuta como interlocutor, possivelmente já antevia essa possibilidade da compreensão de que a música, ligada à saúde, promoveria esse outro lugar para o sujeito quando vivencia as experiências musicoterapêuticas: outro lugar de se dizer, de se ver, inclusive visualizar o que aconteceu consigo mesmo, com outras pessoas, e isso pode provocar uma mudança interna e externa quando o sujeito toma consciência de seu lugar no mundo.

Ao utilizar a música em vários outros contextos, que não necessariamente o setting musicoterapêutico, é o mesmo que apoderar-se de um objeto da cultura e fazer com que outras pessoas, ao terem contato com aquela experiência musical, experimentem nesses outros espaços diferentes formas de estar, de sentir, de escutar, e isso gera saúde, porque amplia o mundo das pessoas que ali interagem: amplia possibilidades de escolha, de soluções, e por aí vai, porque sabemos que uma das formas para instalar o adoecimento está muito ligado àquilo de fechar-se numa forma de pensamento, numa só atitude, ou seja, rigidez mental.

Pensar a prática musicoterapêutica para além da clínica é permitir que o sujeito, atendido na clínica, ao compartilhar sua composição, no caso acima, a Canção Sistêmica, também conecta-se a outras pessoas por meio de suas canções, como se tivesse puxando-as para fazer parte de seu próprio movimento interno, em especial quando esse outro, como ouvinte, identifica-se com a canção, teremos assim uma conexão com outras histórias que podem, ou não, encontram ressonância com as soluções apresentadas nas canções a partir do processo musicoterapêutico vivenciado por outra pessoa.

Importante refletir sobre esse rótulo dado a performance que, muitas vezes, restringe-se a artística, porém convidamos você a ampliar esse conceito, pensando que no dia-a-dia estamos ‘performando’, ou seja,  seria o nosso próprio estar e fazer na vida, o que para teóricos da psicologia chamam de papéis, podemos parafraseá-los e pensar a vida como um palco, consequentemente, a música que  nasce em um contexto musicoterapêutico, quando compartilhada, pode servir de trilha sonora para inúmeros sujeitos que estejam caminhando nessa perspectiva de dar novos significados para memórias traumáticas da infância, teríamos aí uma performance ligada a construção de um fazer musical saudável, em que a musicoterapia contribui para a promoção da saúde para além do setting musicoterapêutico.

Interessante observar os fenômenos ou movimentos que acontecem no uso da música para promoção da saúde das comunidades, criando laços e fortalecendo a coletividade. Ruud (2010) cita a etnomusicóloga americana Kay Kaufmann Shelemay (2011) ao afirmar que 'coletividades musicais ou comunidades musicais '  'ajudam a gerar, moldar e sustentar novas coletividades ". A @kombisonora tem um pouco de tudo isso. Mesmo sendo um veículo pessoal, está a serviço de proporcionar saúde mental a pessoas de bairros e comunidades sem acesso a serviços de cuidado psicoemocional. No projeto de extensão universitária Vida Ativa/UFG, a Musicoterapia Social Comunitária abre espaços intergeracionais de escuta e acolhimento, fazendo da @kombisonora o transporte de deslocamento, adesão e acolhimento sonoro dos participantes. CANTAR SE ENCANTANDO PELOS QUATRO CANTOS DE. BAIRRO 🚐🎵🎶🎵🎶🎵🎶 é uma ação muito importante para a adesão principalmente das idosas. Em cada Ponto de Encontro novos conTATOS. E @kombisonora continua fazendo adesões de pessoas, que com música, uma direção segura e cuidadosa e muita alegria, enCANTAM quem entra nela.


   


Referências  Bibliográficas


Brasil. (2002). Ministério da Saúde. Secretaria de Políticas de Saúde. As Cartas da Promoção da Saúde/ Ministério da Saúde, Secretaria de Políticas de Saúde, Projeto Promoção da Saúde. Brasília: Ministério da Saúde. In: Oselame, Mariane N. (2013) Um estudo sobre as práticas da Musicoterapia em direção à promoção da saúde. Rio de Janeiro: Instituto de Psicologia, Programa de Pós-graduação em Psicossociologia de Comunidades e Ecologia Social- EICOS.


Bruscia, K. (2000). Definindo Musicoterapia. Rio de Janeiro: Enelivros.


Buss, Paulo Marchioti. (2000). Promoção da saúde e qualidade de vida. Ciência & Saúde Coletiva, 5(1). 163-177.


Caminha, R., Wainer, R., Oliveira, M. & Piccoloto, N. (2003). Psicoterapias Cognitivo Comportamentais – Teoria e Prática. São Paulo: Casa do Psicólogo.


Capra, F..(1999). A teia da vida. Editora Cultrix, São Paulo.


Giacomini, Sonia Maria (2011). Emoção "brega"e relações de gênero na feira de São Cristóvão"corações, corpos e mentes em transbordamento emocional, 27-43. In: Coelho, Maria Claudia; Rezende, Claudia Barcellos (org). (2011). Cultura e sentimentos: ensaios em antropologia das emoções. Rio de Janeiro: Contra Capa/ FAPERJ.


Guanaes-Lorenzi, Carla et al. (org). (2014). Construcionismo social: discurso, prática e produção de conhecimento. Rio de Janeiro: Instituto Noos.


Hellinger, B.(2001) Ordens do amor. Tradução: Queiroz, N. A. Editora Cultrix, São Paulo-SP, Brasil.

 

Jenkins, H., & Asen, K..(1992). Family therapy without the family: A framework for systemic practice. Journal of Family Therapy, 14, 1-14.


Reynolds, D. (2007). Containment, curiosity and consultation: An exploration of theory and process in individual systemic psychotherapy with an adult survivor of trauma. Journal of Family Therapy, 29, 420-437.


Ruud, E. (1990). Caminhos da Musicoterapia. Summus Editorial Ltda, São Paulo. 


Ruud, E. (2010). Music Therapy. A Perspective from the Humanities. Norwegian : Barcelona Publishers.


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Sydow, K., Beher, S., Schweitzer, J., & Retzlaff, R. (2010). The efficacy of systemic therapy with adult patients: A meta-content analysis of 38 randomized controlled trials. Family Process, 49(4), 457- 485.


Vidal, A. C. B. (2006). A diferença que fez a diferença: O uso incomum da equipe reflexiva de Tom Andersen. Pensando Família, 10(2), 117-134.


Video sobre Musicoterapia Itinerante no Grupo Vida Ativa: https://drive.google.com/drive/folders/1IhLCtwWaWETmpaixZbxW8izgZN6Yd3Tc?usp=sharing


https://www.instagram.com/reel/CgE4CafjBWY/?igshid=YmMyMTA2M2Y=



quarta-feira, 8 de fevereiro de 2023

CLAM 2022

 




MUSICOTERAPIA EN CLAVE LATINOAMERICANA: 

DECONSTRUYENDO PERSPECTIVAS COLONIALES

El VIII Congreso Latinoamericano de Musicoterapia se realizou en Octubre de 2022 y organizado por la Delegación Argentina ante el Comité Latinoamericano de Musicoterapia. La modalidad del Congreso foi virtual y gratuito.  https://www.musicoterapiaclam.com/congresoviii


Participação da Profa Dra e musicoterapeuta Sandra Rocha do Nascimento (Brasil), musicoterapeuta Leandro Fideleff (Argentina) e Juan Pablo Martínez Lazo (Chile), 

no  Conversatorio 

MUSICOTERAPIA EN LAS ESCUELAS: ESCUCHANDO LOS CONTEXTOS ESCOLARES PARA LA CO-CONSTRUCCIÓN DE PRÁCTICAS PROMOTORAS DE SALUD

(Eje temático: Musicoterapia en Contextos - Prácticas en contextos educativos)


RESUMEN: 

En el campo de la Educación, encontramos diversidades en la configuración de los contextos escolares, diferenciándose en sus dinámicas internas y externas. En la práctica del musicoterapeuta en la educación, específicamente en las escuelas o con ellas, se deben considerar nuevos elementos o aspectos de su marco musicoterapéutico. Consideramos la necesidad de reflexionar acerca de las redes dentro y fuera de la escuela, sus organizaciones y actores sociales y cuáles pueden ser los procesos de fortalecimiento de una comunidad educativa desde una perspectiva de promoción de la salud.

Cuáles son los paradigmas predominantes de las prácticas musicoterapéuticas en las escuelas? ¿Estas prácticas responden a las problemáticas actuales de las instituciones y sus poblaciones? ¿Qué escenarios se configuran en nuestra región y sus diversos territorios? Y de qué manera podemos pensar respuestas en común con profesionales de la educación, maestros/as, estudiantes, organizaciones y familias? Nos proponemos en este conversatorio reflexionar a partir de diversas experiencias situadas de tres musicoterapeutas (de Brasil, Argentina y Chile) que desarrollan sus propuestas con las escuelas y sus comunidades. Y a partir de allí imaginar escenarios posibles del desarrollo de nuestra disciplina en el ámbito de los sistemas educativos.


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CONGRESSOS CLAM

https://www.musicoterapiaclam.com/congresos