terça-feira, 28 de junho de 2011

GEP DE MUSICOTERAPIA NA EDUCAÇÃO- EMAC/UFG e Ciranda da Arte/SEDUC-Go

Sobre o GEP DE MUSICOTERAPIA
No ano de 2010, o Ciranda da Arte da Secretaria de Estado da Educação, no município de Goiânia-GO, contratou 5 musicoterapeutas para atuarem nas escolas de tempo integral da região metropolitana de Goiânia-Goiás. Inicialmente, esses profissionais foram destinados às aulas de música, visto que dominavam a utilização da linguagem musical e do uso dos instrumentos musicais. As professoras Profª Drª Sandra Rocha do Nascimento e Profª Ms Eliamar Apª de Barros Fleury e Ferreira, ambas professoras do Curso de Musicoterapia da Escola de Música e Artes Cênicas/UFG, ao tomarem conhecimento desta expansão do mercado de trabalho aos musicoterapeutas egressos do curso, efetivaram uma proposta de parceria com a instituição Ciranda da Arte, objetivando uma formação continuada ao exercício da função de musicoterapeuta dentro do espaço escolar. Esta proposição adveio dos resultados obtidos a partir da pesquisa de doutoramento " A escuta diferenciada das dificuldades de aprendizagem: um pensarsentiragir integral mediado pela musicoterapia" (NASCIMENTO, 2010), propondo a aplicabilidade da musicoterapia no contexto escolar de tempo integral, na qual se verificou que a atuação do profissional musicoterapeuta expande para além dos sujeitos encaminhados aos atendimentos e/ou ações interventivas. Percebeu-se que a configura-se uma perspectiva multidirecional, avançando para uma escuta ampliada dos diversos fenômenos presentes no cotidiano escolar em seus diferenciados espaços e tempos de ações e reações, sendo continuamente interinfluenciados e mutuamente constituídos. Concordantes com a proposta, ambas as instituições, EMAC e Ciranda da Arte, iniciaram uma construção conjunta e interdisciplinar à aplicabilidade da musicoterapia no campo da educação, efetivando momentos de escuta ativa dos profissionais das escolas, desde os gestores, coordenadores e dos musicoterapeutas, ao conhecimento da realidade educacional e das práticas realizadas. Verificou-se que as ações musicoterapêuticas eram suplantadas pelos diversos “multifatores interinfluentes” (NASCIMENTO, 2010) presentes na escola, modificando toda a compreensão da musicoterapia, sendo necessária uma reflexão extensa sobre a atuação neste locus. Referente a realidade escolar, a encontramos permeada de queixas, direcionadas quer aos alunos ou aos professores, bem como aos diversos atores da comunidade escolar. Geralmente como depositários primários encontramos os alunos. Sobre estes, uma grande maioria de docentes formam conceitos ou preconceitos ao primeiro sinal de “diferença” do grupo previlegiado pela escola ou pelo professor. No meio das queixas, a figura da família se faz presente, sendo freqüentemente culpabilizada pelas “condutas inadequadas” de seus tutelados. Na outra ponta, os docentes também são alvo de críticas, tornando-se os “responsáveis” pelo insucesso escolar dos alunos. Caracteristicamente, o ambiente escolar vai se tornando um espaço de competição, queixas exaustivas, frustrações, desconfianças, gerando conflitos entre todos os atores da comunidade escolar. As queixas e problemas centram-se sempre “no outro”, com solicitações infindáveis de mudanças a partir da aquisição de recursos estruturais, geralmente físicos. Desta forma, proporcionar o desenvolvimento de ações musicoterapêuticas na área educacional, dentro do contexto escolar, centra-se muito além da efetivação de ações ligadas aos alunos que apresentam problemas. A Musicoterapia na educação, sustentada por embasamento na perspectiva interdisciplinar, avança na compreensão e atuação junto aos diversos atores da comunidade escolar e aos multifatores interinfluentes no processo ensino-aprendizagem.
Por Profª Drª Sandra Rocha do Nascimento (Junho 2011)

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