GEP DE MUSICOTERAPIA NA EDUCAÇÃO: CONSTRUINDO HISTÓRIAS DE TRANS-FORMAÇÕES NA EDUCAÇÃO.
Diversas ações foram realizadas pelo Gep de Musicoterapia na Educação desde a sua implantação em 2010. A seguir, apresentamos um breve relato das ações e finalizamos com as persceptivas futuras da Musicoterapia na Educação.1. ATIVIDADES DESENVOLVIDAS PELO GEP DE MUSICOTERAPIA NA EDUCAÇÃO (ANO 2010-2011)
O GEP de Musicoterapia na Educação foi estruturado e cadastrado o projeto de extensão na PROEC/UFG, como ação de extensão e cultura, tendo como parceiro o Ciranda da Arte da Secretaria de Estado da Educação de Goiás (Seduc-GO). As ações de planejamento entre os docentes da UFG e a coordenação do Ciranda da Arte, em Maio/2010, foram fundamentais para a estruturação da proposta direcionada às EETIs (escolas de tempo integral).
Inicialmente, os gestores das EETIs, que possuiam em seu quadro funcional os musicoterapeutas contratados pelo Ciranda/Seduc-GO, foram chamados para conhecerem sobre a Musicoterapia e sua atuação nas escolas e convidados à adesão na proposta elaborada para o GEP, dando ênfase para a participação compartilhada dos gestores em todas as etapas a serem realizadas pelos musicoterapeutas. Todos os gestores (das cinco EETIs da região metropolitana de Goiânia) concordaram com a proposta e demonstraram expectativas favoráveis quanto a atuação e presença do musicoterapeuta nas escolas.
O curso, oferecido aos participantes-musicoterapeutas, iniciou em 16 de agosto de 2010, com freqüência mensal de um encontro com duração de 2 horas e 30 minutos, realizado nas instalações do Ciranda da Arte/Seduc-GO, situado no setor Vila Nova-Goiânia. Como professores contamos com: Profª Drª Sandra Rocha do Nascimento (EMAC/UFG), Profª Ms Eliamar Apª de B. Fleury e Ferreira (EMAC-UFG), Profª Ms fernanda Valentin (EMAC/UFG); e os palestrantes convidados: Mt Maria da Conceição Mattos Peixoto; Mt Elisama Barbosa Brasil. Como participantes 5 (cinco) musicoterapeutas contratados pelo Ciranda da Arte/Seduc-GO e lotados nas EETIs da região metropolitana de Goiânia, como musicoterapeutas.
Como ações iniciais, durante o primeiro semestre do curso, obtivemos:
- relatos das ações realizadas dentro das escolas pelos musicoterapeutas, desde a efetivação da contratação via Ciranda da Arte, com ênfase no entendimento ou não que os demais profissionais tinham sobre a área e a atuação;
-apresentação da proposta metodológica efetivada na pesquisa de Doutorado em Educação da Profª Drª Sandra Rocha do Nascimento (2010);
-levantamento das demandas emergentes manifestadas pelos contextos escolares, desvelando elevada incidência de conflitos intra e inter-relacionais junto aos atores do contexto escolar;
-descrição e delineamento da metodologia básica subsidiária da atuação dos musicoterapeutas, em cada contexto escolar;
-apresentação teórica e dialogada de diferentes perspectivas em musicoterapia, como: Musicoterapia Comunitária, musicoterapia em espaços de saúde pública, experiências musicoterapêuticas em contextos educativos privados e públicos entre outras;
-visitas supervisionadas, realizadas pela Profª Drª Sandra Rocha, junto aos musicoterapeutas em suas unidades escolares de trabalho;
-leitura dialogada de textos complementares à formação, das áreas da Educação, Psicologia e Musicoterapia;
-construção e gerenciamento do Blog Musicoterapia na Educação (http://musicoterapianaeducacao.blogspot.com.br/).
Mediante essas ações, até o final do ano de 2010 foi proporcionado ao grupo de musicoterapeutas o exercício da descrição e identificação de problemáticas encontradas nas escolas, bem como a compreensão sobre a atuação ampliada do musicoterapeuta na educação dentro de contextos escolares e sociais.
No ano de 2011, efetivamos a continuidade dos encontros do Gep de Musicoterapia, com a mesma freqüência e duração. No entanto, o grupo foi acrescido da participação de atores externos à Seduc-GO: dois profissionais musicoterapeutas de outras unidades escolares e participantes do Projeto de Extensão Grupo de estudos e Pesquisas em Musicoterapia na Educação (EMAC/UFG); dois musicoterapeutas externos à região metropolitana (estados da BA e PR), servindo-nos de conexão on line para efetivar as discussões. Também ocorreu a participação de 19 acadêmicos do curso de Graduação em Musicoterapia (EMAC/UFG), durante seminários realizados sobre as ações dos musicoterapeutas nas EETIs, integrando na formação atividades extra-classe.
Dentre outras ações realizadas pelo projeto de extensão, constam:
-visitas orientadas nas unidades escolares, com supervisão in loco aos musicoterapeutas;
-supervisão clinica individual aos musicoterapeutas, a partir de demandas especificas;
-reflexões sobre temas diversos suscitados nas práticas musicoterapêuticas;
-momentos de escuta ativa dos diversos profissionais presentes nas escolas, desde os gestores, coordenadores e musicoterapeutas, visando o conhecimento da realidade educacional e das práticas realizadas;
-exposição teórica sobre alguns temas como: teoria da complexidade, profecia da expectativa auto-realizadora, relação educativa, sindrome de bournaut, entre outros temas;
-estruturação e exposição dialogada de estudos de casos estruturados pelos musicoterapeutas;
-estruturação de artigos científicos;
-estruturação de instrumentos de registro da metodologia efetivada.
Como exemplificação das ações desenvolvidas pelos musicoterapeutas nas EETIs, apresentamos uma ação:
a) Escuta musicoterapêutica (dados recolhidos sobre o contexto escolar e/ou sujeitos):
30 minutos antes do atendimento é feita a escuta musicoterapêutica nos espaços da escola ou dentro das oficinas de artes, durante os 10 primeiros minutos. Através desta, escolhemos os alunos que manifestam alguma questão emergente inter-relacional; elencamos alguns alunos, e formamos um sub-grupo no mesmo horário da oficina, mesclando com alunos "aparentemente‟ sem nenhuma questão a ser analisada.
b) Atividade e/ou ação musicoterapêutica;
Acolher o aluno, em espaço diferenciado, para ouvir suas dificuldades e expressões, utilizando as experiências musicais.
c) Recursos utilizados;
Violão, voz e celular com MP3.
d) Objetivo(s) pretendido(s):
Trabalhar interatividade e interação grupal.
e) Resultado(s) obtido(s):
Na maioria das vezes nota-se que, após os atendimentos musicoterapêuticos, os alunos escolhidos agem com mais coleguismo, diminuindo a incidência dos conflitos.
f) Interinfluências no contexto escolar:
Junto ao grupo gestor foram observadas diminuições de queixas relacionadas aos alunos que anteriormente manifestavam problemas em situações de grupo.
Esta ação engloba uma dentre várias relatadas pelo grupo de musicoterapeutas atuantes nas EETIs.
No entanto, para a consolidação da prática do musicoterapeuta nos espaços escolares-EETIs somente as ações não foram suficientes. Outras ações se fizeram necessárias à ampliação da visibilidade da Musicoterapia na Educação e favorecimento da co-responsabilidade dos atores da escola na proposta de transformação:
-exposição dialogada para os coordenadores das áreas de arte do Ciranda da Arte, compartilhando dados encontrados, estratégias musicoterapêuticas efetivadas e resultados obtidos;
- conhecimento dos feedbacks dos gestores e coordenadores sobre os resultados e interinfluências advindas das ações musicoterapêuticas com posterior reflexão junto aos profissionais da área;
-participação no VIII Seminário de Ensino da Arte, promovido pelo Ciranda da Arte, com lançamento de artigo cientifico em Coletânea;
Todas essas ações foram efetivadas pela professora do curso e projeto de extensão Profª Drª Sandra Rocha.
Como resultados alcançados no Gep de Musicoterapia na Educação (biênio 2010-2011), apresentamos os depoimentos dos participantes-musicoterapeutas, que apontam para o alcance desse espaço-tempo de discussão e geração de conhecimento, o GEP DE MUSICOTERAPIA NA EDUCAÇÃO:
“Foi necessário fazer uma readaptação do trabalho musicoterapêutico aprendido na academia. A escola é uma confluência de várias demandas sociais, gerando muitos conflitos. A musicoterapia proporciona pensar em ações que favoreçam a “cura” das relações sociais. Tive, como certeza, que a música é um instrumento de cuidado, e que precisamos estar dentro do contexto escolar para entender suas especificidades”.
“Foi um desafio! Um crescimento! Vi que saímos da academia com uma idéia organizada de atuação em musicoterapia. Mas no mundo do trabalho, em especifico na escola, essa idéia se desorganiza e precisamos pensar a partir do que encontramos, reconstruir. É preciso adquirir um olhar sistêmico, para não julgarmos os alunos, professores, gestores e outras pessoas envolvidas com a escola. Com a música em musicoterapia, consegui acolher os alunos e suas dificuldades, e fazê-los abrir a escuta para seus colegas. Ampliei bastante o meu olhar.”
“Pensei diferente, ao entender que a forma da musicoterapia na educação é diferente. No inicio eu não sabia o que fazer. Parecia que o que eu sabia sobre musicoterapia era difícil de ser usado neste contexto. Precisei avançar e entender o sistema escolar, mais amplo, para poder ajudar as pessoas, os alunos. Ai, senti alívio! Alivio de saber, também, que antes não tinhamos o Gep e agora temos, dando suporte às nossas ações musicoterapêuticas dentro das escolas”.
“Foi necessário desfazer o que aprendemos e construir, juntos, a partir da realidade das escolas. Uma nova construção em musicoterapia, a partir da demanda do serviço.”
“Com o Gep de musicoterapia senti uma motivação, uma troca riquissima. Fortalece a gente pelas discussões em grupo”.
“No inicio da minha prática dentro da escola senti muita frustração. Mas com as discussões, vi que mesmo longe (em outra região) estávamos perto e enfrentando as mesmas situações e dúvidas. Fez com que eu desistir do outro, do ser humano, acreditando que ele tem possibilidades que devem ser desenvolvidas. As trocas de experiências entre o grupo tem me ensinado muito’.
A partir dos depoimentos e das ações relatadas, verificamos que as discussões no Gep de Musicoterapia na Educação favoreceram a co-construção da metodologia musicoterapêutica desenvolvida nas escolas de tempo integral. Ampliou a oportunidade de estruturação científica da área e visibilidade dos resultados encontrados nas práticas. Ampliou a compreensão sobre os fenômenos dos contextos escolares e da perspectiva integrada e integral da musicoterapia na educação.
2. NOVAS CONTRATAÇÕES DE MUSICOTERAPEUTAS E RECADASTRO DO PROJETO DE EXTENSÃO GEP DE MUSICOTERAPIA NA EDUCAÇÃO (ANO 2012-2013)
Na continuidade das ações musicoterapêuticas nas EETI, 4 musicoterapeutas foram contratados pelo Ciranda da Arte no inicio do ano de 2012. O projeto de extensão foi re-cadastrado na PROEC/UFG, com o objetivo de favorecer a formação continuada de musicoterapeutas atuantes nas unidades de ensino regular. As ações do projeto iniciaram em Março de 2012.
Relatora: Profª Drª Sandra Rocha do Nascimento (Janeiro-2012)